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Esse é o “entrelinhas da arte”, uma newsletter e podcast, criado por mim, Luiza Adas, que te traz reflexões e referências sobre arte e a vida de forma geral. Hoje, contar algo íntimo sobre minha história: o dia que fui xingada nas redes sociais e que entendi, que isso não era, necessariamente, de todo mal.
Desagradar pode ser um sinal de que você está no caminho certo :)
Eu nunca vou esquecer do dia em que fui xingada nas redes sociais. Teve quem me xingou, quem comentou que eu não sabia de nada, quem parou de me seguir. Lembro desse dia com muito carinho. Um carinho que até hoje é relembrado por meus amigos, namorado e familiares. Você deve estar se perguntando “essa menina é louca? Como que uma experiência como essa pode trazer um sentimento bom?”. E eu te digo: desagradar a alguns, em determinadas circunstâncias, não é de todo mal.
Era dia 12 de janeiro, alguns dias depois do fatídico 08 de janeiro, em que houve a tentativa de golpe e o ataque ao congresso nacional em Brasília. Naquela ocasião, eu escrevi um texto para a revista Casa Vogue, que acabou sendo publicado também em formato de vídeo .
Ao mesmo tempo em que li comentários pejorativos acerca do meu posicionamento em relação à depredação de obras de arte, houve um outro grande número de pessoas que, de forma contundente, demonstraram apoio às palavras que falei. E foi nesse momento que me caiu a ficha: desagradar um grupo seleto de pessoas é a demonstração de que sou fiel aos meus valores e àquilo que acredito.
Vira e mexe sentimos um medo danado da recusa do outro, do olhar alheio, de não ser aceita. Mas aí eu te pergunto, é possível agradar a todo mundo o tempo todo? Será que desagradar, dependendo de quem você está lidando, não é uma prova de que você está no caminho certo?
Eu fui no passado uma pessoa que ligava muito para o que os outros pensavam. Me expor na internet foi um exercício diário de coragem que me fez discutir esse medo por anos com minha psicóloga. E por isso guardo esse dia, em que publiquei o vídeo na Casa Vogue, com tanto carinho. Foi um dos primeiros dias em que me senti feliz por não agradar a todos. Estava agradando a mim mesma e isso era mágico, era algo que eu tinha pouco costume de fazer até então.
A questão central aqui, não é o fato de desagradar deliberadamente as pessoas, mas compreender que desagradar faz parte do processo de se posicionar no mundo. Quando nos posicionamos, inevitavelmente encontramos discordâncias, resistências, e até ataques. Mas será que o maior perigo não está, justamente, em passar pela vida sem nunca provocar uma reação, sem nunca questionar, sem nunca deixar uma marca?
Talvez o verdadeiro desconforto não esteja em ser alvo de críticas, mas em viver sob a sombra do medo de sermos quem realmente somos. Afinal, não há autenticidade sem algum nível de desconforto. E, para mim, aquele dia foi a prova de que o desconforto também pode ser libertador. Acho que é por isso que gosto tanto da arte como forma de expressão não apenas de nós, mas dos outros. Ela nos permite expressar quem somos, desafiar padrões, comunicar nossas verdades e, ao mesmo tempo, criar pontes de empatia com o outro. Através da arte, encontramos formas de nos reconhecer em outras vozes e compreender diferentes perspectivas, tornando o mundo um lugar mais rico, diverso, humano e respeitoso.
Vivemos em um mundo que nos ensina, desde cedo, a temer a rejeição e a buscar a aceitação a qualquer custo. Mas a verdade é que quem muito agrada aos outros, muitas vezes, esquece de agradar a pessoa mais importante de sua vida: você mesmo. Seja autêntico, respeite os outros, mas acima de tudo, respeite a si mesmo. O mundo pode não aceitar tudo o que você tem a oferecer, mas a verdadeira liberdade está em se permitir ser quem você é, sem medo e sem culpa.
Olha isso! :
Já imaginou uma página que resgata imagens esquecidas no tempo e ainda conta as histórias fascinantes por trás delas?
Essa é a proposta do The Public Domain Review (@publicdomainrev). No Instagram, eles compartilham um acervo visual de obras que entraram em domínio público (ou seja, obras cujos direitos autorais expiraram ou nunca existiram, tornando-as de uso livre por qualquer pessoa). Acompanhadas por narrativas que contextualizam cada imagem, a página, também tem um conteúdo mais aprofundado pelo site publicdomainreview.org e é uma verdadeira viagem no tempo, que nos lembra como o passado pode ser fonte de inspiração e aprendizado para o presente.
Descobri essa preciosidade através da newsletter do @tira.do.papel, que sempre traz uma curadoria incrível de conteúdos para alimentar a criatividade e expandir nossas perspectivas. Inclusive na semana passada ele trouxe como referência esses “alfabetos humanos” belíssimos que já entraram em domínio público e estão livres para você usa-lo de forma criativa.
Grifo da semana
Em comemoração ao Oscar brasileiro, relembro aqui o conteúdo que publiquei na minha coluna para Casa Vogue, em que falei sobre a relação entre arte e investimento, a partir de uma fala da musa Fernanda Torres, ao ganhar o Globo de Ouro.
Porque, no fim, a arte não existe sozinha. Ela precisa de quem a faça, de quem a admire e, acima de tudo, de quem invista nela. Parece que é quase um tabu falar sobre investimento em arte e por isso fiz questão de criar esse conteúdo. Ser artista, diretor de cinema, cenógrafo, figurinista, músico, fotógrafo e tantas outras denominações é ter uma profissão como qualquer outra, que deve ser bem paga e digna. Empresas, investidores, governantes, invistam em nossa arte, porque assim como disse Gilberto Gil certa vez, “cultura é igual feijão com arroz, é necessidade básica, tem que estar na mesa, na cesta básica de todo mundo".
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Bjs
Lu
REFLETIR sempre!!!! è meu lema de vida e é muito pertinente ao teu comentário sobre os ataques.... você refletiu muito sobre o que expressou e o que causou nos outros.
É por ai.... troca de saberes e reavaliação... o que todo mundo deve fazer!
adorei tuas considerações. Parabéns!!!!